Uma obra artística deve ser contemplada para que ganhe significado e transmita uma mensagem. E que modo melhor de se obter isso do que nas ruas das grandes cidades? Praças, cercas, passeios e muros são locais que podem abrigar intervenções artísticas inesperadas como exibições de murais coloridos, projeções dinâmicas de luzes ou apresentações de esculturas provocativas. Então, é isso que experimentamos todos os dias nas metrópoles quando vemos uma pichação de vandalismo, ficamos temporariamente cegos pelos faróis dos carros ou nos deparamos com um edifício em construção? Não exatamente. O que na verdade torna uma intervenção artística notória e expressiva é a capacidade de interagirmos diretamente com ela e a apreciarmos como uma verdadeira arte urbana.

Arte urbana que transforma ruas e consciências

Quem tem um olhar crítico, facilmente reconhece que a arte das ruas é quase sempre subversiva e tem a intenção de levar os espectadores à uma reflexão social. O objetivo do artista urbano é transformar a paisagem ordinária em extraordinária, e uma das formas mais eficazes de se fazer isso é usando o bom e velho grafite. Há quem sempre confunda isso com pichação, uma visão errônea dos tempos em que arte feita nas paredes, passeios e muros públicos era considerado um ato de vagabundos. Ousadamente, poderíamos considerá-la um tipo de vandalismo contra o senso comum, e os artistas que se expressam através dela, baderneiros sociais que transformam as ruas, e consciências, em arte libertadora.

Veja a arte das ruas, saindo às ruas

Já se foram os dias quando tinta spray salpicada num muro era considerado ilegal. Hoje isso se tornou algo legal de se fazer e se ver. O vasto conteúdo cultural que essas obras possuem são compatíveis com qualquer acervo dos museus mais conceituados do mundo. Uma rápida olhada nessas belezas visuais (www.streetartutopia.com) é suficiente para se perceber uma refinada sofisticação. Basta abrirmos os olhos e enxergarmos as belezas artísticas estampadas nas telas a céu aberto da cidade de Nova Iorque, nos pôsteres rústicos de Berlim, nos mosaicos coloridos de Londres, nos instigantes murais de São Paulo e paredes vivas de Los Angeles para entendermos que um movimento cultural como a urbanografia não precisa de reconhecimento, tempo ou espaço para crescer. O que ela necessita, na verdade, é das ruas, onde, nos lugares mais inesperados, a arte se estabelece como um elemento natural da vida urbana que nos sufoca mas nos desperta para uma nova consciência.