Na contramão de um cenário de discussões polêmicas e categorizadas que vivemos hoje no Brasil, o AfroReggae, a partir do Projeto Além do Arco-Íris, que desde 2013 trabalha para trazer protagonismo às pessoas trans, chega com uma opção que abre diálogo para uma pauta muito abordada, mas ainda com pouca força na nossa sociedade: a identidade de gênero. Num formato colaborativo (similar ao que acontece no Wikipedia), o ‘Dicionário de Gêneros’ propõe a livre manifestação das pessoas. O objetivo é reunir todas essas interpretações e, a partir delas, criar novos verbetes que representem a diversidade também na língua portuguesa.

Com o conceito ‘Só Quem Sente Pode Definir’, o endereço  http://dicionariodegeneros.com.br  conta com espaço didático que explica a diferença entre ‘orientação sexual’, ‘sexo’ ou ‘identidade de gênero’; permite que qualquer pessoa crie a definição sobre o gênero com que se identifica, e compartilhe com os amigos via redes sociais. Todos os textos também se atentam para a utilização da letra “e” como marcador de gênero das palavras, para ‘combater’ a binariedade da língua portuguesa, que reconhece apenas o masculino e o feminino, e estimula a utilização da #SomosTodosGente para identificar as ações de inclusão sobre o tema.

Para lançar a plataforma, dezenas de pessoas foram consultadas sobre as características que definem cada um dos mais de 60 gêneros identificados pelas pesquisas da equipe envolvida no projeto. Em seguida, representantes de diversos gêneros foram convidados a participar de um vídeo depoimento com as interpretações de cada um sobre a própria identidade. Grandes nomes como a cartunista Laerte; o psicólogo e escritor João Nery; a artista plástica Joana Couto; o ator, produtor e bailarino Lucas Rangel; entre outros que lutam pela causa participam do projeto.

A iniciativa está inserida dentro de uma sequência maior de ações do AfroReggae. Para Laura Mendes, agente de projetos do Arco-Íris, ”O dicionário ajuda a combater a falta de conhecimento das pessoas. A sociedade, principalmente aqui no Brasil, ainda tem muito preconceito com quem é diferente. Quando conceituamos algo errado estamos abrindo as portas para isso”.

“O mundo já começou a se questionar sobre a binariedade de gêneros. O próprio Facebook já permite que o usuário crie sua própria identidade. Muitas iniciativas ainda precisam ser tomadas para começar a mudar esse cenário. O Dicionário de Gêneros é apenas mais um passo para trazer essa discussão à tona. Por isso, a importância da construção desses verbetes serem feitos pelas pessoas: só elas podem definir como realmente se sentem. Quem sabe, com todo esse movimento, podemos começar a escrever um futuro onde ninguém mais precisará de definição para ser entendido, respeitado”, acrescenta Bárbara Bono, Head Digital.

 

Confira o vídeo do projeto