Dados do último senso demográfico, realizado em 2010 pelo IBGE, demonstram que as mulheres já superaram os homens em frequência universitária, refletindo-se obviamente no mercado de trabalho.

Carreira, independência profissional e financeira. Desde o século XX, elas galgam espaços e assumem posições antes consideradas exclusivamente masculinas. Os cursos de engenharia Brasil afora têm suas cadeiras, cada vez mais, ocupadas por mulheres – que também estão na construção civil em trabalhos de estereótipo masculino, como pedreiras e eletricistas. Nos cursos de jornalismo elas já são maioria e, bem, temos uma presidenta em atividade no país!

É óbvio que as prioridades e objetivos da mulher contemporânea são diferentes dos de nossas avós. Mas, apesar de todas essas conquistas e mudanças, uma pergunta persiste e, algumas vezes, incomoda: e a vida amorosa?

Apesar da crescente taxa de divórcio, o casamento, ou ao menos uma união estável e duradoura, ainda consta no checklist de muitas mulheres. Mas se antes elas casavam ainda na adolescência, hoje a idade de mulheres solteiras é bem maior, tornando a expressão “ficou pra titia” ainda mais obsoleta.

A psicanalista, doutora em psicologia pela FFCLRP/USP e membro do grupo de pesquisa Sexualidade Vida, Lelia Reis ressalta que em culturas machistas como a nossa, a ideia de amor é utilizada como forma de aprisionamento da mulher que, mesmo bem sucedida é levada a se sentir infeliz e incapaz se não tiver um relacionamento.

Na prática, pode-se dizer que as mulheres não querem saber de “príncipe encantado”. Faz sentido se consideramos todas as conquistas sociais e profissionais listadas acima.

Para a estudante de jornalismo Katharina Paixão, 22, o tal príncipe só existe mesmo em Hollywood. “Se não somos perfeitas, como vamos buscar a perfeição no outro? Então o jeito é ir moldando os ‘sapos’ que aparecem”, brinca.

Funcionária pública de 28 anos, Meg Sousa pensa que trabalho, viagens, cultura e aquisições materiais (casa própria, carro, roupas, sapatos) são prioridades mais concretas das mulheres de hoje. Para ela, o homem não pode pensar na mulher como uma “propriedade”.

Para tornar a coisa ainda mais complexa, antes a mulher se casava para sobreviver, já que não tinha direitos sociais independentes do homem.

Então, se hoje o prover material já não é uma grande prioridade e, socialmente, a mulher se sente mais segura para transgredir os padrões comportamentais e sexuais, resta o ideal de companheirismo, afinidade no sexo e, principalmente, respeito às individualidades.