Imagine que você é dono da 5ª Avenida, do Champs Elisées, entre outras miudezas, e vive dos modestos pedágios que cobra aos passantes pelas suas propriedades. De repente, o seu melhor amigo compra um aeroporto pelo qual você passa a toda hora e, além disso, ele já era dono do seu banco, da rua onde você mora e… esse desgraçado vai te levar uma grana federal. Agora, sua namorada está comandando um exército pronto para tomar a sua posse das Ilhas Malvinas e de boa parte da América do Sul. Imaginou? Agora, acorda pra vida que é a sua vez de jogar.

Os jogos de tabuleiro são garantias de uma noitada pra lá de divertida. Há anos e anos, jogos clássicos como o Banco Imobiliário e o War, por exemplo, passam dados de mão em mão e já testemunharam gargalhadas e brigas históricas.

“Para mim os jogos são atraentes, em primeiro lugar, como uma atividade social, como convívio de grupo. Hoje em dia, com o computador e o videogame, é tudo meio solitário”, diz Sílvia Zatz, 31 anos, cineasta formada pela Escola de Comunicações e Artes da USP, autora de livros infantis e integrante da equipe de criação da SB Jogos. “Os jogos de tabuleiro resgatam isso de estar todo mundo ao redor de uma mesa. O mais legal é o que o jogo estimula e não é só o jogo. O jogo parte de uma situação simples – a dinâmica, o tabuleiro, os peões, as cartas – e você pode dar asas à sua imaginação, à sua inventividade.

No computador há efeitos incríveis, mas não há muito lugar para a imaginação, para a variação”. Sergio Halaban também é suspeito: colega de profissão de Silvia. Ele diz: “eu também gosto de jogos pelo evento social. Tem a conversa, a discussão. O computador exerce mais a destreza, o reflexo e mesmo o raciocínio, mas não a articulação, a diplomacia… Outra razão pela qual eu gosto de jogos é que neles eu aposto muito mais do que na vida, onde sou conservador. E acho divertido, não só apostar, mas ousar de um modo geral. Fora o prazer de atacar os outros, é claro”. Juntamente com o jornalista André Zatz, eles já criaram jogos de sucesso como o Corrida Presidencial e o 1 a 10 – Números em 24 Idiomas.

Por Fernando Coelho