Antes que você comece a ler essa história real, preciso dar um aviso. Se você é sensível à palavras de baixo calão, se é pudica e sexualmente reprimida; se acha que 50 Tons de Cinza é o supra sumo da pornografia para senhoras, meu conselho é que você interrompa a leitura aqui mesmo. Não vá adiante. Porque o conteúdo desse relato poderá ser impróprio pra você e não quero de jeito algum ofender ninguém.

Mas caso tenha decidido ficar e ler até o fim, sugiro então que você coloque um fone de ouvido e harmonize esse post com essa canção pra dar o clima http://www.youtube.com/watch?v=Qc9c12q3mrc

Feitas as ressalvas, vamos ao que interessa: a história de Luna R.P*, que há algum tempo estava guardada nos meus arquivos esperando o momento certo de vir à tona. Trata-se de uma narrativa verdadeira e meu papel aqui foi de uma ghost writer porque segundo a protagonista, ela não saberia escrever tão deliciosamente quanto eu (palavras dela, não minhas, mas das quais eu discordo). Isso não é um conto erótico, é um relato verídico que reproduzo na íntegra tal qual ouvi.

Fomos colegas de trabalho, Luna e eu, a bastante tempo atrás. Apesar de não sermos da mesma área dentro da empresa, vez por outra nos encontrávamos no jardim pra fumar um cigarro e acabávamos falando da vida, trocando algumas impressões a respeito das coisas. Por algumas vezes encontrei Luna amargurada, perguntava o que havia acontecido e se queria conversar, e ela respondia apenas “ta tudo bem, são coisas de gente casada. Tu é muito jovem ainda pra entender das merdas que acontecem dentro de um casamento”. Mal sabia ela que eu não era assim tão jovem e também ja era casada, mas isso não vem ao caso.

Na época em que trabalhávamos juntas, Luna R.P ja era da turma que usava Chronos 30+, mas aparentava ser bem mais jovem do que o registro no seu RG. Sempre foi uma mulher naturalmente muito bonita, interessante, dona de um estilo próprio e de uma inteligência sagaz. Até onde eu sabia, Luna R.P ja estava no segundo casamento e não me parecia muito feliz. Mas, enfim, nunca entrei em detalhes sobre a sua vida porque não éramos amigas, apenas colegas de trabalho que se encontravam vez por outra pra fumar um cigarro. Acabei saindo da empresa um tempo depois e perdi Luna R.P totalmente de vista.

Eis que num dia qualquer deste ano corrente, recebi uma mensagem privada de Luna R.P na minha página do Facebook. O texto dizia assim: “Oi, querida! Tudo bem? Nossa, faz muitos anos que não nos vemos, né? Mas confesso que acompanho a sua trajetória aqui pelas redes sociais como uma voyer e já estou por dentro dos seus planos de mudança. Apesar de nunca termos sido íntimas amigas, sempre te achei uma menina muito legal e por isso te desejo bastante sucesso e sorte lá na Austrália. Tenho certeza que vai se dar bem.E se você não se importar, vou seguir te acompanhando por aqui, ta? Mas sei também que você é a cabeça por trás da Menina de Ar e confesso também que leio o seu blog com muita frequência. Seu talento com as palavras é genial e gosto muito dos seus textos, especialmente dos seus contos eróticos. Fico doida toda vez que leio. Parabéns, você manda muito bem! E estou te mandando essa mensagem hoje porque tenho uma história pessoal e particular pra dividir com você. Acho que você tiraria um caldo bom pra escrever no seu blog. Topa? Um beijo, Luna”.

Na hora não entendi nada, especialmente porque não escrevo contos eróticos e meu talento com as palavras deixa bastante a desejar. Mas, resolvi apostar na tal história que ela tinha pra contar porque Luna R.P sempre foi muito misteriosa e porque seria uma ótima oportunidade de reencontrá-la depois de tantos anos. Além do mais, precisava de uma inspiração e histórias picantes me instigam. Topei. Marcamos de nos vermos num bar numa segunda-feira a noite.

Depois de feitas as atualizações corriqueiras sobre as nossas vidas, Luna R.P pediu uma garrafa de champanhe, acendeu seu Malboro de filtro vermelho e falou: “Querida, você ta pronta pra ouvir o que eu tenho pra te contar? Na verdade não vou te contar nenhuma história fantástica, nenhuma novidade, nada que talvez tu ja não tenha ouvido antes e até mesmo vivido. Mas resolvi falar abertamente sobre isso porque de alguma forma preciso tentar me livrar dessa febre que esquenta meu corpo, e porque gostaria de excitar outras mulheres como eu, que ja passaram dos 40 e acham que a vida acabou. Se preferir, pode gravar tudo aí no seu Iphone pra ter certeza de que não vai perder nenhum detalhe. Só por favor, omita o meu nome ou invente um outro qualquer como se eu fosse uma personagem da ficção. Preserve a minha identidade porque você sabe, as pessoas dessa sociedade ainda são muito preconceituosas, limitadas e principalmente, hipócritas. Ja sei: me chama de Luna em homenagem a essa baita lua cheia que tem ali no céu. Luna caliente”. Apertei o REC e deixei que ela falasse enquanto tragava suavemente a fumaça do seu cigarro e bebia seu champanhe.

“Casei muito nova na primeira vez, tinha só 22 anos. Naquela época, não gostava de sexo mas fingia que gostava pra ser aceita pela turma. Tinha nojinho, sabe? Sentia dor, ficava envergonhada do meu corpo e não gozava nunca. Meu marido adorava me falar um monte de baixarias no ouvido enquanto me comia, e óbvio, por essa e outras razões o casamento foi pro brejo um tempo depois. Uma benção, diga-se de passagem, porque ele me comia mal pra burro.

Depois que separei dele, aos 26 anos, fiquei um tempo sozinha meio sem saber o que fazer. Saí com alguns caras, transei com um ou dois e foi tão terrível quanto era com o meu marido. Sexo sem intimidade, eu não sabia como lidar, nunca tinha dado por dar, sabe? Sempre dei por amor, por paixão, nunca por instinto. Jamais tinha sentido o fogo do tesão queimando as minhas entranhas, não pensava em sexo compulsivamente como fazem os homens. Era muito bobinha e amadora, cruz credo!

Mas então conheci meu segundo marido, um cara um pouco mais velho do que eu, interessantíssimo, gato, gostoso, me fazia tremer as pernas toda vez que nos encontrávamos. Com ele comecei a me descobrir, a me achar uma mulher interessante e a gostar de sexo. Aprendi a transar, aprendi a chupar, a ser chupada, aprendi a gozar. Essa loucurinha durou um bom tempo até, mas você sabe, só sexo não sustenta um casamento. Éramos parceiros perfeitos na cama, mas não conseguíamos nos entender direito fora dela e o casamento miou.

Quando isso aconteceu, quando me separei pela segunda vez, eu ja tinha passado dos 30 anos há um tempo. Ja tinha virado o cabo da boa esperança, como dizem por aí. Ja era Balzaca, ja tinha perdido medos, frescuras, alguns pudores e todo o juízo que ainda me restava. Namorei um cara por um tempo e com ele me pós graduei em sacanagem. Nesse intensivão deixei de lado todas as vergonhas, neuras e mais um monte de besteiras que eu guardava na cabeça. Descobri meu corpo por inteiro, dei até cansar, trepei no carro, fora dele, nas escadas do prédio, no elevador. Viajei de avião sem calcinha, transamos no banheiro; saía na rua só de trench coat, meias 7/8, um corpete sexy por baixo e pirava meu namorado e outros caras que sacavam a putaria que rolava entre a gente. Era muito bom! Foi libertador. Mas não durou muito, não. Meu signo não batia com o dele, que era muito possessivo e um pouco bipolar.

E hoje, tu vê só, passada dos 40 anos, finalmente to começando meu pós doutorado em putaria. Não sei se tem a ver com os hormônios, se é coisa da idade ou se não passa de uma questão evolutiva da espécie feminina, mas nunca antes na história da minha vida fui tão tarada e to achando isso o máximo! Depois de velha me tornei uma ninfomaníaca, uma depravada. Penso em sexo o tempo todo, exatamente como os homens fazem, sabe? Tenho vontade de dar deliberadamente pra todo sujeito que cruza o meu caminho na rua, uma coisa de louco. Tenho uma tara sexual pelo porteiro do prédio do meu dermatologista, fico toda molhada quando encontro meu personal trainer na academia e ontem quase bati o carro quando passei no quartel general de uns motoboys e vi vários sem camisa, com aquelas joelheiras sobre as calças ajeitando umas motos na calçada. Coisa muito séria, menina, e um dia tu vai entender o que eu to dizendo.

Mas, continuando, conheci um cara bem mais moço do que eu numa festa que fui por acaso um dia desses e que entendeu bem o recado e sentiu o cheiro dos meus feromônios. Um baixa renda, totalmente diferente de mim e nem sei te dizer porquê embestei que precisava dar pra ele. Quer dizer, eu sei: fui fatalmente atraída por uma tatuagem que ele tinha no antebraço esquerdo, por outras que ele tinha nos dedos da mão direita e por mais uma no peito que não sei como eu consegui ver pela fresta da sua camisa. Um cara marrento, mas gato, com um ar de contraventor que o tornava irresistível. Senti que era do mesmo ramo que eu quando me pegou com força pela nuca, me puxou com firmeza pelo quadril, me encostou na parede e me deu um beijo daqueles de fazer molhar a calcinha, sabe? Tu é mulher, imagino que tu saiba do que eu to falando. E se tu ainda não sabe, minha querida, não faz ideia do que ta perdendo! Mas tua hora vai chegar, fica tranquila.

Enfim, nos engalfinhamos naquela noite da festa. Senti que o negócio era bom ainda na pista de dança quando o corpo dele grudou no meu e aquele volume que vinha diretamente de dentro das suas calças jeans, invadiu o espaço da minha saia. Não demorou muito pra gente sair dali direto pra um motel. Eu pingava, meu corpo descontrolado de tanto tesão tremia, sentia uma pulsão entre as minhas pernas. Chegando naquele quarto que fedia a cigarro e sexo reciclado, ele me agarrou com força, de novo enredou os dedos por entre os meus cabelos e puxou com vontade enquanto enfiava a língua na minha boca. Tirou minha blusa com pressa, foi profissional pra abrir meu sutiã, me lambeu todinha. Puxei a camiseta do Ratos de Porão que ele usava e pude enfim, ver aquela tatuagem que tinha me fisgado por completo. Ele tinha o nome da mãe escrito no peito. Quase gozei ali mesmo quando vi aquilo e todo o resto do corpo do cara, que era de enlouquecer de tão bom.

Segurando meus braços nas minhas costas, ele levantou a minha saia, enrolou sua mão na minha calcinha e enfiou o dedo dentro de mim. Pirei. Queria mais do que só o seu dedo, que entrava e saía de dentro da minha boceta de um jeito que não consigo nem te explicar. Quando relembro aquela cena sinto um frio na barriga típico de adolescente apaixonada, só que paixão era tudo o que não tínhamos ali. Enfim, ele tirou o dedo de dentro de mim e colocou na minha boca. Senti meu próprio gosto. Me beijou na sequência, beijo de língua, demorado, forte e doce ao mesmo tempo, sabe? Arrancou a minha saia, se livrou da minha calcinha e me deixou completamente nua no meio daquele quarto de motel. Não parava de me beijar um segundo sequer, garantido a minha loucura o tempo inteiro. Agarrou a minha mão e colocou dentro do seu jeans. Obrigada, Senhor, foi só o que consegui pensar quando senti o pau daquele cara no meio dos meus dedos. Me empurrou na cama e tirou a calça e a cueca que usava e eu não pude acreditar naquilo que se materializava na minha frente, duro e enorme. Olha que eu tenho alguma quilometragem na estrada dessa vida, mas nunca tinha visto um câmbio como aquele. Até achei que não fosse dar conta de tudo aquilo dentro de mim, mas respirei fundo e me deixei levar por aquelas mãos, aquela língua, e principalmente por aquele corpo que parecia coisa de outro planeta.

Perdi as contas de quantas vezes gozei naquela noite. Dei pra ele de todas as formas possíveis e imagináveis e o manual do kama sutra foi pouco pra nós. Sem dúvida, foi o melhor cara com quem já transei. Porque ele era selvagem e dócil ao mesmo tempo, tinha a medida exata da violência e do carinho, dizia muita sacanagem no meu ouvido e nunca antes na história do meu país achei tão libertador virar pra um homem e dizer sem o menor constrangimento, sim, eu sou a tua putinha. Disse isso e disse mais; pedi que me comesse gostoso, que me fizesse gozar e que não parasse nunca de meter forte dentro de mim. Eu sei que pode parecer loucura, exagero, putaria, vulgaridade ou o cacete, e que isso não combina com mulheres decentes, educadas e socialmente bem posicionadas como nós. Mas sabe o que eu acho? Que tudo não passa de uma grande hipocrisia! Nunca vou deixar de ser quem eu sou porque transei de quatro com um cara que nem conhecia e pedi que gozasse na minha boca. Não serei melhor pessoa ou pior porque fiz isso. Não vou deixar de ser a profissional competente e respeitada que entrega o seu trabalho em dia e nem a mulher que paga as contas sem atraso, que ajuda a mãe doente e de vez em quando cuida da sobrinha pequena porque me atrevi a trepar feito um animal selvagem com um completo desconhecido. Então, não aceito julgamentos e foi por isso que resolvi abrir essa história assim, meio publicamente. Digo meio porque não to assumindo meu nome verdadeiro aqui. Ainda tenho mãe viva e meu objetivo não é chocar ninguém e sim, libertar um monte de mulheres que vivem se reprimindo e que em pleno século XXI ainda pensam que sexo é coisa feia e que putaria só se faz em filme classe B. Se putaria sem intimidade é uma coisa de louco, com o namorado ou o marido deve ser o paraíso. Tristes das mulheres que tem vergonha e não se permitem essas coisas”.

O telefone dela começou a tocar de repente.

“É ele”, ela me disse, abrindo um sorriso que só uma mulher que está prestes a dar com fúria e delicadeza é capaz de abrir.

E nem precisou me dizer mais nada, eu entendi tudo. Seria uma noite de Luna Caliente.