Eu tenho duas mãos e dois pés, e penso constantemente em como seria se perdesse algum deles. No inverno eu costumo sentir frio nos dedos. Isso me incomoda, pois ficam bem gelados mas adoro quando eles começam a aquecer quando vou pra cama. Eu gosto de banhos quentes demorados, mas sinto peso na consciência pelo ambiente.

Pode não parecer, mas eu sou tímido. Quando não conheço as pessoas, fico no meu canto sem interagir muito até me acostumar com o ambiente e com as pessoas. Mas eu não me importo de falar em público, contanto que eu saiba do que eu estou falando. Eu gosto quando as pessoas prestam atenção em mim.

Eu também gosto de aprender coisas que possivelmente não sejam úteis. Aprender apenas por diversão. Palavras, línguas, ciência, tecnologia. Eu sinto falta de tocar um instrumento. Fico me prometendo que vou aprender, e nunca faço isso. E isso me deixa triste um pouco.

Eu sou preguiçoso. Tenho objetivos, mas não me esforço muito para que eles se realizem. Às vezes acho que tudo vem fácil até mim. Então lembro das poucas vezes que tive disciplina e determinação sobre-humana, dou um sorriso de canto e sigo andando relaxado. Eu sei que, se precisar e quiser muito algo, eu consigo.

Meu timing é bom, mas sou atrapalhado. Eu sei as situações em que devo falar, ouvir, brigar e sorrir. Eu odeio mentiras, mas sei mentir muito bem. E fingir. E ferir. Aprendi com os melhores. Na maior parte do tempo eu sou honesto e idôneo. E sei perdoar muito bem.

Meu auto-conhecimento me impressiona. Tomo decisões rapidamente quando é necessário. Não gosto que me digam o que fazer quando eu já sei. Se eu não sei algo, eu pergunto. Vou atrás de uma resposta. E adoro explicar as coisas. Se eu não sei a resposta, as vezes invento algo.Mas quando a coisa é séria eu digo: não sei. E me sinto tão bem falando isso. É incrível como essa expressão nos exime de qualquer responsabilidade de saber a resposta certa. E dignifica.

Adoro cachorros. Infelizmente não tenho tempo para cuidar de um, então fico imaginando como seria ter. Tenho muitos amigos. São muitos e para várias situações. Infelizmente eu descobri que posso ficar sem alguns deles. As pessoas mudam. E eu também mudo. A vida são ciclos.

Eu não gosto de extravagância. Eu gosto das grandes aventuras acidentais do dia a dia. Gosto de dias de sol ou de chuva. De frio e calor. E gosto e muito dos dias de vento, parece que limpam a alma. Gosto de encontrar pequenos detalhes em conversas com estranhos. Repassar momentos divertidos na minha cabeça para não me esquecer deles, ficar me colocando em situações que talvez nunca vá viver. Ouvir trechos de conversas enquanto caminho na rua. Imaginar o contexto. Tentar pensar como os outros. Não ficar preso a mim. Adoro viajar e se pudesse faria isso para viver. As vezes acho que sonho demais, mas não saberia viver sem sonhar.

Esse texto é baseado em algo que li por aí, com características muito parecidas com as minhas, e outras que modifiquei, mas acredito que muitos se encaixam em vários pontos, pois todos somos um…e aquilo que é, enquanto é, não é, pois um dia há de vir a ser.
Por Daniel Anillo