Harmonize o texto com essa música. Não é uma música atual, é das antigas. Mas na noite do dia 31 de dezembro na festa de ano novo em que eu tava na Opera House, ela tocou. E todos, com exceção de mim, cantavam a plenos pulmões o que me deixou profundamente encantada e emocionada. 

Se de todos os anos que vivi até hoje tivesse que escolher apenas um pra viver de novo, sem dúvida nenhuma, sem nem pensar ou pestanejar, escolheria 2014. Esse ano que ta chegando no fim, marcou o começo de uma nova etapa na minha timeline e com muito pesar me despeço dele. Queria que durasse pra sempre, queria poder viver cada um dos seus 365 dias em looping até cansar e chamar o próximo, 2015.

Até o final de 2013 vivi me debatendo internamente, soterrada por um monte de perguntas para as quais há muito tempo ja vinha tentando achar as respostas. Não me contentava com nada, não sabia de onde estava vindo e pra onde deveria ir. Fui deixando a vida me levar. Entre os anos de 2009 e 2013, tive experiências que me marcaram profundamente e me colocaram contra a parede, me fazendo questionar tudo e todos. Sempre exigi demais de mim mesma, sempre me cobrei certas coisas e foi somente na segunda metade de 2013, depois de me encarar de frente e tomar consciência de um monte de coisas, que comecei um processo de acordo de paz comigo mesma. E foi na noite do dia 31 de dezembro do ano passado, numa das festas mais incríveis e insanas que ja fui na vida, de frente pra Harbour Bridge, em Sydney, e em meio à milhares de pessoas que nunca havia visto antes,  que as fichas das respostas começaram a cair. No momento em que o ano virou, sob a chuva de fogos de artifício que coloriam o céu daquela cidade e sem saber se eu chorava de emoção ou ria de felicidade, meu destino finalmente se apresentou diante dos meus olhos e um sentimento de tranquilidade inédito tomou conta de mim. Pela primeira vez na minha própria história me senti livre de verdade.

Passei o primeiro mês de 2014 de férias na Austrália e foi lá que decidi mudar o rumo da minha vida dali em diante. Voltei pro Brasil, completei meu 37º aniversário e no mesmo dia peguei papel e caneta pra desenhar o plano da mudança. Muito mais do simplesmente trocar de país, me permiti trocar de vida ainda em solo nacional. Abri minha casa pra um monte de estrangeiros desconhecidos, abri minha cabeça para outros pensamentos, outras culturas, outras ideias. Me permiti mudar a minha rotina, que até então havia sido sempre igual por anos à fio. Me dei a chance de conhecer outras pessoas, de falar outras línguas e testar outros corpos. Vivi neste ano experiências que jamais imaginei viver antes e deixei que cada uma delas me ensinasse uma lição, me apresentasse um pouco sobre mim mesma. Me senti feliz, realizada, orgulhosa por ter me permitido tudo aquilo e por ter feito tanto. Num determinado momento cheguei a me sentir culpada por ter sido invadida por tantos sentimentos bons, mas percebi que batalhei duro por cada um deles. Senti medo por tanta coisa boa estar acontecendo na minha vida, mas me dei conta de que era inútil não viver tudo e simplesmente ficar esperando a tragédia, que graças a Deus, nunca chegou. Termino o ano com o pleno sentimento de missão cumprida.

  1. 2014. O ano da Copa do Mundo no Brasil, o ano das eleições, o ano das perdas e dos ganhos. O ano em que fiz amigos, fiz muita festa, fiquei sozinha, ri muito, quase nem chorei, aprendi outras profissões, vendi bolo, juntei dinheiro e construi meu sonho. O ano em que eu vivi de verdade e com intensidade cada um dos seus 365 dias.  Um ano pra entrar pra história. Pelo menos pra minha.