Tem dias que bate um pavor, um desânimo tão arrebatador e forte que levantar da cama e encarar a vida se transforma num trabalho para algum super herói dotado de poderes extra humanos. Tem dias que pesam, que parecem não ter fim e que são tomados de uma escuridão horripilante mesmo quando lá fora o sol brilha com toda a força.

E nesses dias tudo o que eu penso é que todas as escolhas foram erradas como se a vida fosse uma prova de vestibular e eu tivesse marcado todas as alternativas incorretas. A começar pela profissão, passando por todos os relacionamentos fracassados, pelas palavras ditas e pelas não ditas, pelas oportunidades desperdiçadas e até pelas que foram agarradas com unhas e dentes. E eu me pergunto onde e como eu estaria agora se tivesse escolhido ser médica ao invés de publicitária, se tivesse me casado com alguém e já criasse um filho, se morasse em outra cidade, em outro estado, em outros país;  se tivesse (mais) dinheiro, se fosse uma aventureira, desprendida, hippie, filhinha de papai, executiva de tailleur, solteirona convicta, alpinista social. Será que se eu tivesse optado por uma dessas vidas eu estaria mais feliz, mais estável?

Ás vezes eu acho que sim e tenho vontade de chutar o balde da vida que eu levo e tentar outra coisa completamente diferente. Começar do zero em outro lugar, com outra personalidade, com outra cor de cabelo, com outro nome. Me resetar. Seria possível me reinventar e me moldar tal qual um personagem de novela e poderia fazer tudo aquilo que nessa vida eu não fiz por ter escolhido outros caminhos.

Mas ao mesmo tempo tem vezes que eu penso que não, que eu não estaria mais feliz ou estável se tivesse optado por uma vida diferente dessa que eu tenho hoje. Confesso publicamente que não estou satisfeita com ela em diversos aspectos e estou tentando acreditar que todos os percalços pelos quais eu passei ao longo dos anos me fizeram ser uma pessoa mais centrada, melhor, mais experiente. Onde isso tudo vai me levar daqui pra frente? Não faço ideia e o que move os meus dias é a busca por essa resposta. Esse é o meu desafio.

Porque apesar de ser a dona da minha história, eu não sei que fim eu dou pro meu personagem.

por Menina de Ar (http://meninadear.blogspot.com.br/)