Silêncio… as vozes se calam, os ruídos se dissipam no ar e somem. É de madrugada: você ouve o barulho sereno e contínuo da respiração dos que moram com você. O repouso alheio tranqüiliza sua alma. Você se sente apto a entrar num estado de concentração que jamais poderia ser atingido em qualquer outro momento do dia: é, portanto, hora de iniciar os estudos.

Se você se identifica com esta pequena fábula acima, temos entre nós mais um “coruja”. Os corujas são, segundo denominações médicas já atribuídas, indivíduos que conseguem alcançar seu maior rendimento durante as madrugadas. Estas foram eleitas por muitos a melhor hora para se concentrar e atingir um nível intelectual mais produtivo, por assim dizer.

O que dizem sobre os estudos de madrugada

A doutora em Psicologia pela PUC-SP Sílvia Aguiar confessa que pode ser facilmente encontrada acordada às três da manhã. Ela afirma, espontânea: “Não durmo cedo. Digo a meus amigos para ligarem sempre, ainda que possa ser tarde, pois certamente estarei lendo ou estudando, como fiz nos últimos meses para a entrega de minha tese de doutorado”.
A opinião de Sílvia é compartilhada pelo jornalista Geraldo Lopes, autor do livro “O Sistema”, análise minuciosa em formato de romance sobre o sistema penitenciário brasileiro. Ele diz que não só o silêncio, sem dúvida um fator essencial para o equilíbrio da capacidade de raciocínio, mas também um outro fator o leva a preferir as madrugadas para a realização de suas pesquisas profissionais: a conexão mais estável com a Internet.

Menos buzinas de automóveis, os outros dormem, evitando o transtorno de uma televisão ou aparelho de som ligados em hora incômoda. Pode ser encarada como o momento perfeito para relaxar a mente de problemas e estresses dispersivos, deixando que o cérebro desgastado possa entrar em ordem para o estudo.

Apesar de engrandecedor, coisa que normalmente só enxergamos a longo prazo, o estudo provoca grande esgotamento do raciocínio. Muitas vezes, também se dá sob pressão psicológica pela obtenção de bons resultados em um exame. Fatores como estes, acumulados, nos levam em alguns momentos a ter dificuldade de encontrar ânimo, disposição ou mesmo coragem para tocar nos livros.

Por Alexandre Eugênio