Voltou. Entrou mais uma vez nos meus sonhos. Revirou o baú e descobriu aquela carta guardada. Aquela carta de amor que, depois de escrita e selada, não havia sido lida por ninguém. Mas rompeu o selo e mesmo já imaginando o que ela dizia me forçou a ler. E em voz alta! Como quisesse não só confirmar suas suspeitas, mas as ouvir como uma declaração. E mais! Como quisesse me fazer admitir para mim mesmo os sentimentos que não queria revelar. E aí se foi, estava desencadeado. E aí se foi, ou veio, é, veio. Veio tudo. Voltaram fantasias, voltaram ilusões, voltaram vontades e desejos ocultos. Voltou toda aquela tempestade. E feito fera que, enclausurada por muito tempo, irrompe revoltada e desastrosa, destruiu tudo o que antes a escondia e trancava. Destruiu até as mentiras que sustentavam sua ocultação. Depois disso eu não sabia mais viver. E depois disso não saiu mais dos meus sonhos.
Allan Casagrande
Gaúcho da serra, amante das montanhas e apaixonado pelo frio. Tem paixão pela escrita, pelo desenho, pela fotografia e quase todas as formas de arte, incluindo a culinária (porque pra ele cozinhar é arte). Libriano, e isso diz tudo. Atualmente trabalha com social media em uma das maiores agências digitais brasileiras e, depois de ter passado um semestre cursando meteorologia, quase ter feito gastronomia, ter cursado cinco semestres de design digital, hoje se aventura pelo bacharelado em revisão e redação de textos.
Nas horas vagas distrai-se com seus seriados e livros favoritos e seu maior sonho é ter uma biblioteca enorme e uma sala com lareira em um chalé numa montanha nevada.