Voltei no domingo, dia 1º de fevereiro, de um final de semana a trabalho no Litoral Norte do Estado (RS). Confesso que depois de duas noites quase viradas me desliguei um pouco dos últimos ocorridos. Eis então que desembarco no Rodoviária de Porto Alegre, por volta das 16h. Em minutos pego um táxi e chego ao estacionamento do serviço, onde havia deixado meu carro. Joguei a pequena mochila que carregava no banco de trás e saí. Antes mesmo de passar pela cancela notei que precisava abastecer, já estava na reserva.

Eu, cansado, instintivamente fui ao posto que utilizo na Av.Ipiranga, sem pensar muito. Parei e solicitei ao frentista que colocasse um valor X de combustível, o mesmo de quase sempre, pois assim é mais fácil acompanhar a variação “litro versus valor”. E foi neste momento que voltei para a realidade política e econômica do nosso país. Passava a valer na virada de janeiro para fevereiro a nova tributação incidente sobre a gasolina e o diesel, elevada conforme o decreto presidencial 8.395, publicado no “Diário Oficial da União” na semana anterior.

O impacto previsto era de R$ 0,22 para a gasolina e de R$ 0,15 para o diesel. O meu prejuízo foi de dois litros a menos de gasolina, que poderia ser um litro, caso os postos também não tivessem tirado proveito da situação e dobrado o valor do aumento. Mas a questão maior aqui está nos eventos anteriores a tudo isso. A já tradicional incompetência econômica do atual governo federal e a escancarada corrupção dentro da Petrobras, tudo ignorado nas últimas eleições, são o cerne da questão.

No texto “E o discurso de Dilma virou pó” da jornalista Rosane de Oliveira, publicado dia 20 de janeiro último, ela fez um belo levantamento sobre as “promessas” da então candidata à reeleição. E a conclusão nós percebemos no dia a dia. A presidenta falou o que precisava para se manter no poder pelos próximos quatro anos. Tempo o suficiente para espremer o bolso dos brasileiros. Nem a Dilma Bolada é tão cara de pau ao falar que “serão feitos ajustes de acordo com a nova realidade social brasileira”. Isso significa, resumidamente, equilibrar as contas e desvios públicos com aumento descarado de impostos. Como diria o ilustre garçom da propaganda da Brahma Zero: “Mas assim até eu, né!”

E a Petrobras? Essa eu não preciso nem falar muito. Recentemente concluí uma pós-graduação com um trabalho que avaliava a gestão da reputação da estatal. Posso afirmar que essa não tem sido e não será uma das tarefas mais fáceis. Afirmação essa que se reforça a cada dia. Nada mais cômodo que para faturar mais em meio aos rombos da empresa e da falta de confiança do mercado financeiro que elevar o PIS/Cofins e repassar o aumento para as refinarias. Vale lembrar que isso ocorre ao mesmo tempo em que o valor do petróleo cai no mundo todo, fato registrado pela Agência Internacional de Energia.

O reflexo já está óbvio nos postos de todo o Brasil, mas em breve vai afetar não somente os motoristas, mas toda a cadeia produtiva. Mais aumentos nas tarifas dos transportes públicos, inflação no preço dos alimentos, no varejo e no que mais você possa imaginar. O transporte de quase tudo no Brasil depende dos combustíveis fósseis, então a conta é simples: transporte mais caro, produtos mais caros e menos dinheiro na conta dos brasileiros. Como eu sempre digo, “parabéns ao envolvidos” e “oremos”.