Hoje em dia um homem só fica sozinho se quiser muito. Ta fácil demais ser do sexo masculino num mercado onde a proporção de mulheres é dominante. Para cada 943 homens, existem 1000 mulheres no país segundo os dados do último censo. A demanda é superior à oferta e o preço a pagar por quem precisa é bem alto.
Nunca vi tanta mulher sozinha, desesperada e disposta a tudo pra conquistar um cara qualquer. Elas – ou nós – saíram da passividade e foram à selva atrás do macho alfa, que trocou de posição no jogo e agora pôde finalmente se dar ao luxo de ficar de braços cruzados esperando pra ser escolhido. De caçador ele passou a ser a caça. De predador virou presa. De ativo se transformou em passivo (sem nenhum trocadilho). A mulherada, ao contrário, precisou arregaçar as manguinhas e ir à luta. Não espera mais cantadas, canta. Não espera o telefone tocar no dia seguinte, ela mesma liga. Não espera o convite pra jantar, chama o cara e o leva até o restaurante. Apesar de não se sentir confortável nessa posição e de muitas vezes ficar totalmente em dúvida em relação à quais atitudes tomar pra garantir a conquista, sabe que precisa correr atrás ou alguma outra concorrente fará isso primeiro. Nunca antes na história desse país a competição entre as mulheres esteve tão acirrada. Vide o cumprimento das saias cada vez mais reduzido, o excesso de maquiagem, as caras e bocas e cabelos atirados pro lado, a overdose de fotos em poses sensuais espalhadas pelas redes sociais. Isso tudo é pra que? Pra atrair o macho e capturar a presa.
Do que eu tenho visto e ouvido por aí através de relatos de amigas solteiras e por pesquisa de campo in loco, parece que os homens não estão dispostos a se envolver. Estão confortavelmente instalados na sua poltrona de vítima a espera da próxima algoz para com ela viver um relacionamento fumaça do tipo que se dissipa tão logo o sol comece a raiar na saída da festa e não deixa espaço algum pra qualquer esperança de continuidade. Não querem assumir compromisso, querem a vida boa de poder trocar de parceira a qualquer instante. E sendo assim, não entendo porquê insistem em pedir o telefone pra ligar no dia seguinte se já sabem de antemão que não vão cumprir a promessa.
Lamento muito não ser homem num momento favorável de mercado como esse pra poder passar o rodo sem constrangimento, pra trocar de parceira como quem troca de roupa, pra ser escolhido e ao mesmo tempo poder escolher já que a fartura e a diversidade são grandes. Tendo nascido mulher só me resta vestir a minissaia, passar um batom e ir à luta. Ou então continuar no meu canto, observando o comportamento da manada e vez por outra escrevendo meus textos. Sozinha.
Por Menina de Ar
Andre Barbosa
O desejo por novidade e por conhecer sempre mais sobre o comportamento humano é o que move esse publicitário carioca, que já mora em Porto Alegre há duas décadas.
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