Quem quer que eu seja que não sei
e o que quer que eu tenha sido
e o que ainda não serei
e aonde quer que eu tenha ido
e como quer que eu tenha vindo
eu algum dia lembrarei
quando tiver já esquecido
que nunca sou quem saberei.
Quem quer que eu seja nunca rio
e normalmente estou calado
nos retratos que são meus.
Eu sou a fumaça do navio.
Eu sou um anjo mutilado.
Eu sou a lágrima de Deus.
*Este poema faz parte do livro “O susto de saber-me deste jeito“, de Daniel Seidl de Moura.
Daniel Seidl de Moura
Daniel Seidl de Moura nasceu em 1976 no Rio de Janeiro. É um dos autores e coorganizador de "Pula, pula, macacada, que amanhã não tem mais nada", sobre o Colégio de São Bento. "O susto de saber-me deste jeito" reúne poemas escritos entre 1995 e 2014. Ambos os livros podem ser encontrados no site da editora Oito e meio: http://www.oitoemeio.com.br/ed/.