A resposta é simples, meu caro Watson: cada um coordena seu tempo de acordo com suas necessidades. Muitos adotam a adolescência tardia (adultos infantilizados) como uma filosofia de vida, e não estão dispostos a encarar as cobranças nas quais um adulto tropeça a cada esquina: conquistar independência financeira, união estável, dentre outras. Ser adulto dá muito trabalho para si mesmo. Literalmente.

O eterno adolescente se sente à frente do seu tempo. Enquanto os “adultos” trabalham demais, se preocupam demais e se estressam demais, a adolescência tardia traz a falsa sensação de serenidade diante dos desafios. Essa sabotagem do cérebro indica que viver como um adolescente é ter mais qualidade de vida, pois dessa forma é menos chato, trabalhoso e entediante. Só há um contraponto: ser rotulado como um indivíduo infantilizado, e aceitar isso — vale ressaltar —, é para poucos.

Adultos infantilizados – Alguns motivos

E os muitos casos de pessoas que são obrigadas a viver uma adolescência tardia? A falta de oportunidade (leiam-se bons empregos) é presença constante na vida de quem deseja vir à tona. E é comum que isso aconteça com pessoas extremamente competentes, a exemplo do famoso ilustrador do The Wall Street Journal, Jason Seiler. Recentemente, Jason publicou um trabalho para ilustrar uma matéria sobre adolescência tardia. O curioso é que o tema retrata a própria situação do artista.

Em uma de suas declarações, o hoje célebre ilustrador comentou que foi um prazer compartilhar com o mundo a sua história: a saída tardia da casa dos pais após os muitos “nãos” do mercado de trabalho. É claro que as diferenças culturais entre Brasil e EUA não estão sendo levadas em consideração. Lá, é praticamente inviável um trintão ainda viver com os pais. Já no Brasil… (Caberiam mais reticências nessa frase). No caso de quem está entre essas reticências, vale tudo para fazer a sua parte, seja para sair da areia movediça, seja para identificar uma sabotagem cerebral. Só o que não vale é não se esforçar.