Nove entre dez jovens na década de 80 leram ou pelo menos ouviram falar da chocante biografia de Christiane F., uma adolescente alemã de apenas 13 anos que, em meados dos anos 70, afundou no vício de heroína e entrou na prostituição para sustentar suas doses diárias.

Seu relato contava desde o primeiro contato com drogas leves até a rotina das picadas, a disputa pelos clientes e a perda de amigos vítimas de overdose. Para os que não tiveram a oportunidade de ler o livro e encontravam dificuldades para encontrá-lo nas livrarias, nem tudo está perdido. “Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída” foi relançado neste ano pela editora Bertrand Brasil. Desta vez, quem ilustra a capa é o rosto dela mesma, numa foto da época.

Christiane descreveu com uma riqueza de detalhes várias situações comuns na vida de um drogado, mas muito distantes de quem nunca esteve nessa condição. Através do livro ela pode nos dar uma idéia da sensação que se tem ao injetar heroína na corrente sangüínea ou o desespero das crises de abstinência. O resultado não poderia ser outro: tornou-se um best seller mundialmente.

Em 1981, a história de Christiane F. chegou às telas do cinema. Com 124 minutos, o filme, que possui o mesmo nome do livro, tem a participação mais do que ilustre do cantor inglês David Bowie, ídolo de Christiane na época. Ele aparece em um show cantando “Station to Station”, uma de suas músicas mais belas e que mais a perturbavam.

Desde o lançamento do livro, vários boatos correram o mundo acerca de que fim teria levado Christiane. Quem leu a história certamente se perguntou: será que ela realmente conseguiu abandonar as drogas? Ou será que ela sofreu uma overdose num banheiro público? Todas as respostas estão no site http://www.geocities.com/christianefpage. Criado há dois anos, a página é um tributo a Christiane F. e contém fotos, compilação de matérias sobre ela, biografia de atores que participaram do filme e um guest book, com declarações apaixonadas do mundo todo. Aos que temiam um fim trágico para Christiane, ao menos uma boa notícia: ela cria sozinha uma filha de três anos. Com uma mãe dessas, esclarecimentos sobre drogas definitivamente não serão um problema.